domingo, 27 de outubro de 2019

Entendendo melhor a telemedicina

Terceiro post do blog! Hoje vamos falar de telemedicina, algo que foi muito debatido no começo desse ano aqui no Brasil, buscando entender melhor do que se trata, a que veio e qual sua relação com a medicina convencional.

Para começar vamos procurar definir telemedicina, uma tarefa nada fácil pela amplitude do tema.

Usando uma definição puramente etimológica, a palavra "tele" vem do grego (distância) e telemedicina pode ser considerada, de uma forma bastante simples, como a medicina feita a distância, assim como a  palavra telecomunicação pode ser considerada a comunicação a distância.

Uma definição melhor e mais complexa é dada pela Organização Mundial de Saúde (OMS):

"Oferta de serviços de cuidados com a saúde, nos casos em que a distância é um fator crítico, por profissionais de saúde usando tecnologias de informação e de comunicação para o intercâmbio de informações válidas para diagnósticos, prevenção e tratamento de doenças e a contínua educação de prestadores de serviços em saúde assim como para pesquisas e estudos buscando melhorar a saúde dos indivíduos e comunidades".

Em um momento de desenvolvimento tecnológico contínuo, onde ferramentas como Skype e Whatsapp nos aproximam cada vez mais dos parentes e amigos que moram longe, faz sentido pensar que de algum modo a saúde também pode se valer dessas inovações.

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Agora que definimos o que é telemedicina vamos buscar entendê-la um pouco mais, falando algumas possibilidades e opções que ela nos proporciona.

Dentro da telemedicina podemos destacar a teleconsulta, a teleconsultoria, o telediagnóstico e o telemonitoramento.

A teleconsulta nada mais é que a realização de consulta médica ou por outro profissional de saúde a distância, por meio de tecnologia de informação e comunicação.

Teleconsultoria ou Teleinterconsulta é uma consulta (ou consultoria) à distância entre profissionais de saúde para esclarecer dúvidas sobre procedimentos, diagnósticos ou tratamentos. Pode ser síncrona (realizada em tempo real) ou assíncrona (troca de mensagens não necessariamente em tempo real).

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O telediagnóstico é a realização de diagnósticos por exames à distância. Particularmente a telerradiologia está bastante avançada e difundida aqui no Brasil assim como na maior parte do mundo. Outras modalidades crescentes de telediagnóstico são a tele-eletrocardiografia, a tele-eletroencefalografia e a telepatologia .

Telemonitoramento, como imaginamos pelo nome, envolve monitorar a distância parâmetros de saúde e/ou doença de pacientes. Wearables como smartwatches que fazem eletrocardiogramas em tempo real tem um forte potencial nessa área.

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Agora que vimos as principais modalidades da telemedicina vamos pensar nas suas vantagens:

-Encurtamento de distâncias: permite que pessoas distantes de grandes centros tenham acesso a profissionais especializados que podem não existir em centros menores. Do mesmo modo permite que médicos generalistas dentro e fora de grandes centros tirem dúvidas com médicos especialistas. Tanto em um caso como no outro, o resultado do atendimento para o paciente tende a ser  melhor.

-Ampliação do acesso a cuidados de saúde: permite que pessoas de cidades menores e/ou remotas, onde frequentemente não há nenhum tipo de atendimento de saúde, tenham atendimento via telemedicina.

-Redução de filas de espera para atendimentos: muitos atendimentos podem ser resolvidos com segurança via teleconsultas, otimizando a fila tanto para estes pacientes como para os que precisam de atendimento presencial.

-Redução de custos e ganhos de escala: pode-se otimizar a rotina de trabalho tanto de generalistas como de especialistas, ganhando eficiência operacional e reduzindo custos, questões tão importantes em tempos de custos de saúde em alta contínua como os nossos.

Uma pergunta que por vezes se ouve é se devemos usar a telemedicina.

A telemedicina não só amplia o leque da população com acesso a serviços de básicos de saúde como também a serviços mais especializados. Também colabora para a redução de custos na saúde permitindo otimizar agendas e ganho de escalas, em um momento em que os custos da saúde são uma preocupação constante (quem quiser pode ler o primeiro post desse blog que fala sobre esse cenário).

Devemos usar a telemedicina em lugar da medicina cara a cara? Essa é uma pergunta comum e talvez um pouco equivocada na sua concepção.

Medicina e telemedicina não são antagonistas, são complementares e devem atuar em sinergia. Há questões que não podem ser resolvidas remotamente, como por exemplo uma parada cárdio-respiratória ou mesmo condições mais simples mas que exijam exame físico.

Contudo, modalidades de telemedicina como a teleconsultoria podem permitir que um médico generalista frente a frente com o paciente faça um atendimento melhor de um, por exemplo, acidente vascular cerebral, auxiliado remotamente por um especialista. Teleconsultas podem levar medicina a rincões distantes ou não há nenhuma medicina. Enfim, medicina e telemedicina são complementares e não devem ser vistas como antagônicas.

Regulamentação da Telemedicina no Brasil. Em 6 de fevereiro de 2019 o Conselho Federal de Medicina aprovou uma resolução para a Telemedicina, que por muita pressão, talvez de quem a veja como antagônica da medicina, foi revogada pouco depois.

Esse processo lembra o começo do Uber, quando embora ainda não regulamentado pelos governos já havia sido aprovado e abraçado por grande parte da população e a governos tiveram que correr para legalizar algo que já estava funcionando a pleno vapor.

O avanço da telemedicina é irreversível e isso pode ser observado quando Hospitais referência como o Albert Einstein e planos de saúde como a Sulamérica tem programas bem estabelecidos de telemedicina. Os vídeos de apresentação destes programas estão logo a seguir.

 




É verdade que ainda há vários desafios reais para a telemedicina, como a garantia de segurança e qualidade (que são desafios também para a medicina) e a necessidade de se examinar o paciente, entre várias outras, mas seguramente a telemedicina chegou e deve evoluir de mãos dadas com a medicina, buscando, como na definição da OMS que citamos acima, melhorar a saúde das pessoas e das populações.

Abraços a todos e nos vemos no próximo post!






















Um comentário:


  1. Muito bom. Dá uma idéia de como procedimentos antes não utilizáveis no atendimento médico, hoje, aos poucos, vão sendo cada vez mais empregados, de modo a permitir que pacientes necessitados do atendimento tenham suas necessidades de saúde preenchidas à distância. Dessa forma, o atendimento médico chega cada vez a mais pessoas, em tempo curto, com maiores probabilidades de êxito na cura e com óbvia redução de custos. Se em toda atividade humana, a tecnologia leva a melhores resultados, não poderia ser diferente na medicina, aqui, especificamente, na telemedicina.

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